Um objeto luminoso foi visto por moradores, na noite do último domingo (1º), no céu do município de Santo Amaro, a 240 km de São Luís. Vídeos compartilhados nas redes sociais e grupos de aplicativo de mensagem, mostra o objeto cortando o céu em uma altura em que foi possível observá-lo de forma bem visível.
De acordo com o físico Antônio Oliveira, coordenador do Planetário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o registro trata-se de destroços de artefatos espaciais.
“Recebi esse vídeo desde ontem e ao analisar, percebi que, como como tem baixa velocidade e sem ruídos significativos, deve tratar-se de destroços de artefatos espaciais e não um asteroide, como algumas pessoas chegaram a compartilhar”, explicou.
O especialista esclareceu outros detalhes sobre o que são, como se formam e as consequências da queda de destroços de artefatos espaciais.
Segundo Antônio Oliveira, os artefatos ou lixos espaciais tratam-se de foguetes de lançamentos, que após se desprenderem de satélites, como naves ou ônibus espaciais, ficam orbitando na Terra.
“Quando se lança um satélite, o foguete utilizado para o lançamento se desprende do artefato assim que chega na atmosfera e fica orbitando a aproximadamente 500 quilômetros em torno da superfície da Terra, em especial na região do Equador”,
pontuou.
Conforme o físico, devido o Maranhão e o Nordeste em geral, estarem próximos da Linha do Equador e, em vista da pouca luminosidade, sempre se observa alguns artefatos que reentram na atmosfera da Terra.
A luz observada por quem viu o objeto no céu em Santo Amaro, segundo Antônio Oliveira, é formada pelo atrito do objeto com a atmosfera. “Nessa reentrada do artefato, eles assumem uma certa velocidade por causa da gravitação e o atrito com a atmosfera faz ele se desprender totalmente e formar uma cauda com luminosidade”, relata.
Consequências
O físico alerta para as consequências que os artefatos soltos na atmosfera podem gerar para o futuro das ações de estudo e exploração espacial pela Ciência. Conforme o professor, segundo a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), cerca de 27 mil objetos de vários tamanhos estão atualmente ao longo da órbita da Terra.
“Isso, futuramente, se continuar na mesma proporção, vai ficar até inviável nós lançarmos artefatos como foguetes, naves espaciais, para exploração, tanto da Lua, como de outros planetas”,
destaca.
Além disso, Antônio Oliveira diz que, mesmo com a maior probabilidade de os objetos caírem no oceano, há de que eles caiam em área habitada gerando perigo para a população.
“A região do Equador é praticamente vazio em termos de terra. Então, se é vazio em termos de terra, ele também é vazio em termos de população. Mas podem, dependendo da trajetória, dependendo da reentrada desse artefato na superfície da terra, na atmosfera da terra, pode ser que ele caia em alguma área habitada. Ou ou pode ser que ele seja apenas visto, como deve ter acontecido agora na região dos Lençóis Maranhenses”, finalizou o especialista.