O ex-deputado federal Sarney Filho afirmou nesta quinta-feira (2) ter prestado serviços de consultoria a uma empresa administrada pelo filho de Maurício Camisotti, preso pela Polícia Federal por suspeita de comandar o esquema conhecido como “Farra do INSS”. A declaração foi dada após vir à tona um pagamento de R$ 7,5 milhões feito à empresa de Sarney Filho, a SF Consulting Serviços Ltda., em março deste ano, publicado pelo portal Metrópoles.

Em nota ao portal, o ex-ministro maranhense disse que o valor é fruto de uma “consultoria de assuntos administrativos” e negou qualquer ligação com o empresário investigado. “Não é verdade que eu tenha recebido recursos de Maurício Camisotti. O contrato foi firmado com a Rede Mais Saúde Ltda., administrada por Paulo Camisotti, e não tem relação com o INSS”, afirmou.

O Relatório de Inteligência Financeira (RIF), elaborado pelo Coaf, aponta que a Rede Mais Saúde, empresa ligada à família Camisotti, pode ter sido usada para blindagem patrimonial e abastecida por recursos de descontos ilegais em aposentadorias. A transferência para Sarney Filho ocorreu semanas antes da deflagração da Operação Sem Desconto, em abril.

Diante das suspeitas, o deputado Kim Kataguiri apresentou requerimento para convocar Sarney Filho à CPMI do INSS. O parlamentar argumenta que a oitiva é essencial para esclarecer a natureza da transação, a existência de contratos e a relação entre o ex-ministro e os investigados. “Cabe à CPMI apurar se a empresa atuou como veículo de passagem ou lavagem de dinheiro vinculado ao esquema de fraudes previdenciárias”, afirmou Kataguiri.

A convocação de Sarney Filho ainda depende de votação na comissão. O ex-ministro, que é filho do ex-presidente José Sarney, comandou o Ministério do Meio Ambiente no governo Michel Temer e a Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal até 2023.