Escândalo em Paraibano (MA): alunos são transportados em caminhão pau de arara enquanto empresa milionária “aluga” ônibus que nunca chegam

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Por Clenio Sousa – Jornalista
Paraibano (MA), junho de 2025

Em pleno século XXI, crianças e adolescentes do município de Paraibano, no interior do Maranhão, seguem sendo transportados em caminhões pau de arara — veículos inseguros, sem qualquer condição de transportar pessoas — para frequentar as escolas da rede municipal. Enquanto isso, uma empresa contratada pela Prefeitura recebe milhões de reais para fornecer ônibus escolares que jamais chegaram à cidade.

A denúncia, feita por moradores, professores e motoristas locais, aponta para um esquema que pode envolver fraude em contratos de transporte escolar, desvio de verbas públicas e risco permanente à vida dos alunos.


Contrato milionário, ônibus fantasmas

De acordo com documentos obtidos com exclusividade pela reportagem, a empresa [Nome da empresa, se disponível] venceu uma licitação da Prefeitura de Paraibano no valor de R$ 2,8 milhões, com o objetivo de fornecer ônibus escolares equipados, seguros e com manutenção garantida. O contrato, assinado em [mês/ano], previa a circulação diária de pelo menos 12 veículos escolares cobrindo áreas rurais e urbanas.

No entanto, moradores de povoados como [citar povoados, se possível] relatam que nunca viram um ônibus sequer com o logotipo da empresa circulando na região. “Aqui a gente só vê caminhão pau de arara, com lona e banco de madeira. Quando chove, os meninos chegam ensopados e com frio”, denuncia a professora rural Maria do Socorro, que prefere não ser identificada por medo de represálias.


O perigo diário dos alunos

Imagens e vídeos enviados à reportagem mostram crianças sendo transportadas em carrocerias abertas, sem cinto de segurança, proteção lateral ou qualquer condição sanitária mínima. Muitos desses caminhões são de propriedade de moradores que improvisam o transporte para garantir que os alunos não percam o ano letivo.

“Tem dia que quebra no meio da estrada de barro, aí a gente tem que empurrar, esperar ajuda, ou os meninos vão a pé. Isso é todo dia”, conta um dos motoristas, que também não quis se identificar.


Silêncio e omissão do poder público

Procurada diversas vezes, a Prefeitura de Paraibano não respondeu até o fechamento desta reportagem. Também não houve retorno da Secretaria Municipal de Educação nem da empresa contratada, cujos endereços registrados constam em nome de terceiros ou funcionam em locais sem estrutura para operar uma frota.

Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA), o contrato está sob análise após denúncias feitas por vereadores da oposição e representantes do Conselho Tutelar, que chegaram a protocolar um ofício exigindo explicações formais.