Há mais de 20 anos ele interpreta o personagem principal da história mais contada de todos os tempos: A Paixão de Cristo. O ator Jorge Smith, que faz o papel de Jesus Cristo no espetáculo Via Sacra do Anjo da Guarda, chega a ser tratado por moradores do bairro e pelo público que prestigia a encenação como o próprio personagem que interpreta.

O artista, porém, diz que não tem ‘ego de ser o protagonista’ ou ‘estrela’ e que prefere ser ‘anônimo’, o que, segundo ele, é mais saudável para a sua vida pessoal fora de cena. E foi exatamente, sobre o fazer diário, sobre sua vida além palcos da Via Sacra, que Jorge Smith concedeu entrevista exclusiva ao Portal Difusora News, nesta Quinta-feira Santa, primeiro dia de apresentação do espetáculo Via Sacra pelas ruas do bairro Anjo da Guarda.

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Jorge Carlos Lima Smith tem 51 anos e é natural da cidade de Belém no Pará. Ele veio morar em São Luís aos 12 anos e foi no bairro Anjo da Guarda, onde há décadas ver a arte se confundir com a própria vida pelos ‘vizinhos’. Confira a entrevista:

Difusora News: O que você faz quando nos demais dias do ano quando não está atuando na Via Sacra?

Jorge Smith: “Bom, eu sou funcionário público e estou lotado atualmente na Secretaria Estadual de Educação, atuando na área do teatro. Também dou aula de natação na escola de Natação Raia 4, aqui no Anjo da Guarda, com professor de natação. Sou Bacharel e Licenciado em Educação Física, além de ser formado ainda em Design pela UFMA. Além disso, tenho também a DRT de ator. E trabalho também com iluminação de espetáculos”.

Difusora News: Atuando na Via Sacra, você às vezes é tratado pelo público como o próprio Jesus Cristo. E, fora dos palcos, você é uma pessoa religiosa?

Jorge Smith: “Sim, eu sou uma pessoa religiosa. Já participei da PASCOM, do Ministério de Comunicação, da Paróquia Nossa Senhora da Penha, no Anjo da Guarda. Atualmente estou afastado do serviço da igreja, mas vou às missas. Sou um cristão Católico”.

Difusora News: Além da Via-Sacra, você tem outros trabalhos com teatro?

Jorge Smith: “Sim, eu tenho um espetáculo de Natal que eu realizo há 16 anos, que conta a história do nascimento de Jesus, no qual eu produzo, dirijo, enceno, faço a iluminação. Ele começou na cidade de João Lisboa, 16 anos atrás. Aí, durante os últimos seis anos, eu realizei ele aqui nas ruas do Anjo da Guarda. Aqui a gente já apresentou ele para a prefeitura de São Luís. Além disso, participei dos últimos três filmes da trilogia ‘Muleque Té Doido’, como o personagem Daniel de La Touche”. E vivo o teatro dentro do Teatro Alcione Nazaré, que é onde eu trabalho. Lá trabalho com tudo dos espetáculos que são encenados lá dentro, seja com iluminação, sonorização, montagem.”

Difusora News: Esse ano a Via Sacra tem como tema a história do Grupo Grita e do Anjo da Guarda. A temática, de alguma forma, fará com que você tenha uma emoção diferente?

Jorge Smith: “Sim, eu me sinto também homenageado porque dos 50 anos do Grupo Grita, eu já estou como Jesus há 25. Então praticamente eu convivi com metade da história do Grupo Grita, né? Estou dentro dessa história fazendo parte, colaborando. E sei que sou mais um homenageado, assim como muitos outros. O Zareu, que foi o primeiro Cristo, o Jorge Tadeu também. Então todos nós fazemos parte dessa história e sem dúvida, eu me sinto homenageado também”.

Difusora News: Você é o protagonista da Via Sacra, um espetáculo que reúne mais de 300 mil expectadores por ano. Como você encara a abordagem das pessoas que normalmente te trata como “estrela”?

Jorge Smith: “Sobre ser tratado como estrela, eu escuto muito isso, sobre ser o protagonista, a figura central do espetáculo. Mas eu sou bem consciente de que quando eu estou no palco, tem de 50 a 60 pessoas atrás do palco girando as engrenagens, um está fechando uma cortina, o outro está movendo um cenário, o outro está empurrando a águia, alguém está com a iluminação, tem outro na sonorização. Então, a gente sabe que sem todas essas pessoas, os brincantes, o pessoal que está de povo, de soldado, sem todas essas pessoas, essa produção, não adiantava sair só o Cristo. De que adianta ser o personagem principal e eu estar lá sozinho? As pessoas não iriam. Elas vão porque é um grupo de em torno de 500 pessoas que realizam tudo isso para que o espetáculo seja tão grandioso e gigantesco como ele é. Então não tenho esse ego de ser o protagonista. Para mim eu acho que o mote de toda essa produção é porque é feito pela comunidade, porque são várias pessoas envolvidas”.

Difusora News: Você está há mais de 20 anos atuando na Via Sacra, quase todo o tempo, fazendo o papel como Jesus. Espera ficar mais quanto tempo nesse papel?

Jorge Smith: “Isso não depende de mim. Eu sou uma pessoa convidada, um ator convidado pelo grupo Grita para fazer o personagem do Jesus. Amanhã, o ano que vem, eles podem chamar outra pessoa. Eu faria? Sim, gostaria muito de continuar, mas não depende de mim. o grupo que decide, a direção cênica. Eles vão convidar as pessoas e seja o que Deus quiser. Vamos ver até quanto tempo isso dura e seja o que ele quiser o Pai”.

Difusora News: Além do teatro, tem alguma outra atividade ou profissão, que você gosta ou gostaria de fazer?

Jorge Smith: “Atualmente eu me encontrei na Natação. Eu sou licenciado em Educação Física, não me via dando aula, mas conheci a Natação e me apaixonei. A natação tirou minhas dores na coluna. Eu amava correr, jogava basquete e comecei a nadar. Hoje eu participo de Campeonato Maranhense, sou medalhista. Agora em março, fui medalha de bronze na minha categoria. Então assim, estou dando aula de natação, vivendo a natação. Hoje é o que eu mais gosto de fazer.”