Uma empresa criada há apenas quatro anos, sem histórico consolidado ou estrutura conhecida, já movimentou R$ 127,2 milhões em contratos com prefeituras maranhenses. Comandada por Renzho Erik Ribeiro, a Litoral Empreendimentos virou alvo do Ministério Público por suspeitas de fraude e favorecimento em licitações.

Fundada em novembro de 2020 e com sede no bairro Renascença, área nobre de São Luís, a empresa já ostentava contratos com o poder público antes mesmo de completar um ano de existência. Em agosto de 2021, firmou um primeiro acordo com a prefeitura de Buriti, no valor de R$ 439 mil. No mês seguinte, garantiu um contrato de R$ 25 milhões com a gestão de Zé Doca, então comandada por Josinha Cunha (PL), irmã do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL).

Desde então, a Litoral acumulou dezenas de contratos em diferentes regiões do estado, consolidando um faturamento que chama atenção não apenas pelo volume, mas pela velocidade com que foi alcançado. Os números, sem considerar aditivos contratuais, destoam da realidade de um mercado normalmente marcado por disputas acirradas, exigência técnica e transparência.

A atuação da empresa está sendo investigada pelo Ministério Público, que apura indícios de irregularidades em pelo menos uma licitação. Os detalhes da apuração, por ora, seguem sob sigilo.

No Maranhão, não são raros os casos de empresas recém-criadas que, sem estrutura compatível, ganham espaço em licitações milionárias. Episódios como os revelados pelas operações “Quebra Ossos” e “Carro-Chefe” mostraram como recursos públicos, especialmente oriundos de emendas parlamentares e verbas federais, vêm alimentando esquemas de contratação suspeita.